Vidas Secas- Graciliano Ramos: Resumo da obra

Para quem não conhece, Graciliano Ramos foi um dos maiores ícones da Literatura brasileira, com seu estilo de caráter seco, que se expressa principalmente por meio do uso econômico dos adjetivos, parece transmitir a aridez do ambiente e seus efeitos sobre as pessoas que ali estão. No livro, Graciliano retrata a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos obrigada a se deslocar de tempos em tempos para áreas menos castigadas pela seca. Pertencente a segunda fase modernista ou regionalista, lida e muito discutida em vestibulares até hoje.
Suas principais obras: "Caetés"- 1933, "São Bernardo" -1934, "Angústia"-1936, "Vidas Secas"-1938, "Infância"-1945, "Insônia"-1947, "Memórias do Cárcere"-1953 e "Viagem"-1954.
CONFIRA O RESUMO DE VIDAS SECAS:


O personagem protagonista nesta história é Fabiano, um homem nordestino, retirante e bruto, que trabalha em uma fazenda e sempre pensa na brutalidade em que seu patrão o trata. Além disso, sempre foi fascinado com a maneira de algumas pessoas possuírem o dom da palavra, dom que ele não possuía. Fabiano considerava sua pessoa tão bruta, que muitas vezes no livro, era considerado um animal.

Arruma briga e entra em apuros em um bar com um soldado, que propôs um desafio de ganhar dele em um jogo de apostas. Irritado por perder o jogo, o soldado provoca Fabiano o insultando de todas as formas. O sertanejo, por não possuir argumento algum, aguenta tudo calado até seu limite, onde acaba estourando e insultando a mãe do soldado, que acaba prendendo-o por desacato. Na cadeia pensa na família, em como acabou naquela situação e acaba perdendo a cabeça, gritando com todos e sempre tendo em mente que sua família era um peso que ele deveria carregar para sempre.

Sinha Vitória é a esposa de Fabiano. Mulher cheia de fé e muito trabalhadora. Além de cuidar dos filhos e da casa, ajudava o marido em seu trabalho também. Esperta, sabia fazer contas e sempre avisava ao marido sobre os trapaceiros que tentavam tirar vantagem da falta de conhecimento de Fabiano. Sonhava com um futuro melhor para seus filhos e não se conformava com a miséria em que viviam. Seu sonho era ter uma cama de fita de couro para dormir.

Nesse cenário de miséria e sem se darem muita conta do que acontecia a seu redor, viviam os dois meninos. O mais novo via na figura do pai um exemplo. Já o mais velho queria aprender sobre as palavras. Um dia ouviu a palavra "inferno" de alguém e ficou intrigado com seu significado. Perguntou a Sinhá Vitória o que significava, mas recebeu uma resposta vaga. Vai então perguntar a Fabiano, mas esse o ignora. Volta a questionar sua mãe, mas ela fica brava com a insistência e lhe dá um cascudo. Sem ter ninguém que o entenda e sacie sua dúvida, só consegue buscar consolo na cadela Baleia.

Um dia a chuva chega (o "inverno") e ficam todos em casa ouvindo as histórias de Fabiano. Histórias essas que ele nunca tinha vivido, feitos que ele nunca havia realizado. Em meio a suas histórias inventadas, Fabiano pensava se as coisas iriam melhorar dali então. Para o filho mais novo, as sombras projetadas pela fogueira no escuro deixava o pai com um ar grotesco. Já o mais velho ouvia as histórias de Fabiano com muita desconfiança.

Com o Natal, Fabiano levou todos da família para a cidade. Fabiano ficou embriagado e se sentia muito valente, só pensando em se vingar do soldado que lhe colocou atrás das grades. Uma hora, cansado de seu próprio teatro, faz de suas roupas um travesseiro e dorme no chão. Sinha Vitória estava cansada de cuidar do marido embriagado e ter que olhar as crianças também. Em um dado momento, ela toma coragem para fazer o que mais estava com vontade: encontra um cantinho e se abaixa para urinar. Satisfeita, acende uma piteira de barro e fica a sonhar com a cama de fitas de couro e um futuro melhor.

No que talvez seja o momento mais famoso do livro, Fabiano vê o estado em que se encontrava Baleia, com pelos caídos e feridas na boca, e achou que ela pudesse estar doente. O vaqueiro resolve, então, sacrificar a cadela. Sinhá Vitória recolhe os filhos, que protestavam contra o sacrifício do pobre animal, mas não havia outra escolha. O primeiro tiro acerta o traseiro de Baleia e a deixa com as patas inutilizadas. A cadela sentia o fim próximo e chega a querer morder Fabiano. Apesar da raiva que sentia de Fabiano, o via como um companheiro de muito tempo. Em meio ao nevoeiro e da visão de uma espécie de paraíso dos cachorros, onde ela poderia caçar preás à vontade, Baleia morre sentindo dor e arrepios.

E assim a vida vai passando para essa família sofredora do sertão nordestino. Até que um dia, com o céu extremamente azul e nenhuma nuvem à vista, vendo os animais em estado de miséria, Fabiano decide que a hora de partir novamente havia chegado. Partiram de madrugada largando tudo como haviam encontrado. A cadela Baleia era uma imagem constante nos pensamentos confusos de Fabiano. Sinhá Vitória tentava puxar conversa com o marido durante a caminhada e os dois seguiam fazendo planos para o futuro e pensando se existiria um destino melhor para seus filhos.